quinta-feira, 1 de abril de 2010

TV Cultura Premia donos de Lan Houses

Fonte: TV Cultura

Dois proprietários de lan houses e outras duas pessoas, que tiveram suas vidas mudadas através da inclusão digital, foram homenageadas pelo Prêmio Conexão Cultura. O evento da Fundação Padre Anchieta, responsável pela TV Cultura, foi apresentado ontem (31/01) no auditório Franco Zampari, no Bom Retiro, zona norte de São Paulo.
A premiação foi dividida em duas categorias, sendo elas Práticas de Gestão e Minha História, cada uma considerando dois tipos de centro de acesso à Internet, o público e o pago. Dos doze finalistas, todos presenteados com um troféu feito pelo artista plástico Gilberto Salvador, quatro venceram o concurso.
Considerado o melhor gestor privado, César Cerqueira Lima possui uma lan house em Ponta Grossa, no Paraná. Além de ser um pólo acadêmico para os cursos semipresenciais da Universidade Gama Filho, seu estabelecimento promove a acessibilidade para cegos.
“Os acadêmicos vão lá para fazer a pós-graduação à distância. Além disso, tenho programas adaptados para deficientes visuais e traduzo livros para braile e áudio”, conta Lima.
O pedagogo inaugurou sua lan em 2006, com o desejo de ter um espaço exclusivo para a geração de lucro. No entanto, atualmente ele entende que a função de sua empresa é a de oferecer conhecimento e tecnologia ao público, sem que isso afete sua balança comercial.
“No começo, eu queria apenas ganhar dinheiro. Mas hoje minha visão é diferente, vejo que devo ganhar dinheiro promovendo educação e acessibilidade”, diz ele, que cobra R$1,50 à hora pelo uso dos computadores.
O vencedor do prêmio de melhor gestão de centro público de acesso foi Antônio Wagner de Araújo, coordenador do Programa SeLiga!. Na cidade cearense de Maracanaú, Araújo comanda uma iniciativa que conta com 52 telecentros que, instalados em 47 escolas públicas, beneficiam 26 mil cidadãos.
Na categoria Minha História, dois paulistanos receberam homenagens: Robson Leandro da Silva, pelo uso construtivo de um telecentro municipal, e Sandra Regina Morais, por ter tirado bons proveitos de uma lan house que costuma freqüentar. Em Minha História, foram avaliadas as mudanças ocorridas na vida dessas pessoas em decorrência da inclusão digital.
Dentro do portal Acesse, da Prefeitura, Robson Silva criou o guia Meu Lugar: São Paulo, de programas gratuitos para se fazer na capital paulista. Enquanto Sandra Morais fez um curso básico de chocolates na Internet, para depois preparar o doce e reforçar o pagamento das contas domésticas.
Ainda houve uma premiação decidida pelo público, em votação feita no site do Prêmio Conexão Cultura. Neste caso, o indicado foi Willamy Galvão da Silva, morador de Cruzeta, no Rio Grande do Norte. Willamy monitora um telecentro e tem em seu currículo a organização da 1ª Mostra de Informática e Carreira Profissional de sua cidade.

Organização

Na banca dos júris, o vice-presidente da Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital (ABCID), Paulo Watanabe, disse que uma série de questões pré-definidas teve de ser respondida para definir os vencedores do evento.
“Os principais critérios avaliados foram a desenvoltura dos projetos e o impacto social e individual de cada um deles. Mas também foram levados em conta se os esforços de gestão [dos candidatos ao prêmio] podem ser replicados em outras iniciativas e se as práticas de gestão são inovadoras”, explicou Watanabe.
Anteriormente à premiação, um grupo de célebres debateu o tema “lan house” – e as questões que o cercam. Estiveram presentes o jornalista comunitário Gilberto Dimenstein, o presidente do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio, e o sociólogo Sérgio Amadeu.
Além deles, a subprefeita da Lapa, Soninha Francine, comentou a importância social da Internet e a relevância dos centros de acesso para a inclusão digital no Brasil. Dentre os motivos citados, ela destacou que “a lan house é um espaço de convivência física, coisa que as pessoas temeram que fosse acabar com a ascensão da Internet”.

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