sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Negócios sociais ganham prêmio no Rio de Janeiro


Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios

Negócios sociais ganham prêmio no Rio de Janeiro

Três empresas que lucram com impacto socioambiental venceram concurso realizado pela ONG CDI com Sebrae e Coca-Cola

Por Bruna Martins Fontes 

   Divulgação
Thiago Feijão, da QMágico

Três negócios sociais foram premiados ao final da quinta edição do Fórum Internacional de Empreendimentos Sociais, encerrado ontem (18/10) no Rio de Janeiro. Durante o jantar de gala de evento, eles foram anunciados como os vencedores do primeiro Prêmio Negócios Sociais.com, realizado pela ONG CDI em parceria com o Sebrae e a Coca-Cola.

Dentre os cem inscritos no concurso, 14 chegaram à final e três foram premiados: a startup de educação QMágico, o banco de microcrédito Acreditar e a Solar Ear, que fabrica aparelhos auditivos de baixo custo.

“Não houve diferenciação de primeiro, segundo e terceiro lugares porque o objetivo do prêmio é mostrar exemplos de que é possível empreender num modelo híbrido que contemple o impacto social e a geração de lucros”, afirma Rodrigo Baggio, presidente da CDI e idealizador da iniciativa.

Para ele, o prêmio é apenas o passo inicial para promover a cultura dos negócios sociais no Brasil e criar um ecossistema em que esses empresários possam trocar ideias. Os 14 finalistas de diferentes áreas, como educação, tecnologia, habitação e geração de renda estão reunidos na página do projeto Negócios Sociais.Com.

Conheça, abaixo, os três negócios sociais que foram premiados:

QMágico 
A startup de educação idealizada por Thiago Feijão, 23 anos, quer ajudar a melhorar o rendimento de estudantes – em casa ou na escola. No ano passado, a empresa desenvolveu um software que, de maneira lúdica, como um jogo, permite que cada aluno de uma classe avance no conteúdo escolar em seu ritmo.
Na outra ponta, o professor recebe um relatório online mostrando a progressão e as dificuldades de cada um. A ferramenta é vendida para escolas e permite customizar o conteúdo didático.

O impacto social da empresa fica por conta de seu site, onde esse conteúdo educacional é disponibilizado gratuitamente aos estudantes. “Dez mil alunos estão usando o QMágico, mas queremos atingir um milhão de jovens em dois anos”, afirma Feijão.

Na plataforma aberta, os mesmos relatórios de desempenho são gerados, e ficam à disposição de secretarias municipais e estaduais de ensino para inspirar políticas públicas de aprimoramento da educação – o que já foi feito em uma parceria com o governo de Goiás.

Acreditar 
Em 2001, um grupo de jovens de Glória do Goitá, no interior de Pernambuco, procurava uma maneira de reduzir a migração de seus habitantes para outras cidades em busca de emprego. Eles se mobilizaram, criaram um grupo de 120 pessoas, fizeram parcerias e captaram R$ 18 mil para abrir um banco de microcrédito.

A partir daí, passaram a fazer pequenos empréstimos para que moradores da comunidade iniciassem atividades empreendedoras – desde fazer artesanato até abrir uma escola. Em 2005, o banco Acreditar foi formalmente constituído, com R$ 60 mil em carteira para fomentar o empreendedorismo local. A taxa de juros para empréstimos varia de 3% a 3,5%, e todo o lucro gerado é reinvestido na missão social do negócio: fomentar a geração de renda para o desenvolvimento local e dar educação financeira aos microempreendedores.

A empresa social já beneficiou mais de 7.000 pessoas. “Queremos chegar a duas novas cidades no ano que vem. Em cinco anos, planejamos ter uma carteira de R$ 3 milhões e atender mais 10 mil pessoas”, afirma Lilian do Prado Silva, 28 anos, uma das fundadoras do Acreditar.

Solar Ear 
O empreendedor Howard Weinstein, 62 anos, criou em 2001 um aparelho auditivo econômico: custa menos de US$ 60 e funciona com uma bateria que é recarregada com a luz solar. “Escolas para surdos e deficientes auditivos são raras. Com um aparelho barato de manter, crianças de baixa podem estudar em qualquer lugar”, explica Weinstein. “Só a educação pode quebrar seu ciclo de pobreza.”

Seu modelo de negócio também é inclusivo. A Solar Ear emprega pessoas surdas para criar e produzir o acessório. “Quem não escuta tem melhor coordenação da mão com os olhos, uma habilidade essencial para soldar microcomponentes do aparelho. E são eles que nos mostram como melhorar o produto”, diz o empreendedor.

A empresa já vendeu 50 mil aparelhos e 250 mil baterias no Brasil, em Botswana e na China. O lucro é aplicado no negócio, em programas de capacitação para o trabalho, terapia para distúrbios de comunicação e missões sociais – como a de combate à Aids na África. Os próximos passos são chegar a Índia e Israel e tirar do papel o projeto de vender um novo modelo de aparelho por R$ 50.

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