domingo, 29 de julho de 2012

O Brasil que queremos: uma Coreia na classe média


Fonte: O Globo

O Brasil que queremos: uma Coreia na classe média

Brasileiros que emergiram nos últimos anos já consomem US$ 500 bilhões por ano

Colaborou Henrique Gomes Batista
BRASÍLIA e RIO. Um dos maiores ativos econômicos e sociais do país para o futuro próximo, a nova classe média brasileira é a grande aposta do governo para o desenvolvimento nas próximas décadas. Dados inéditos antecipados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República mostram que esse exército de quase 120 milhões de brasileiros já é o 17º maior mercado do mundo, consumindo mais do que a Holanda e tanto quanto toda a Coreia do Sul. Isso será fundamental para que o Brasil se firme na quinta posição entre as maiores economias globais, conforme informou ontem O GLOBO no primeiro dia da série “O Brasil que Queremos”.
O estudo da secretaria indica que esta camada da população consome anualmente nada menos que US$ 500 bilhões do US$ 1 trilhão consumido pelo mercado brasileiro de maneira geral. Esta é a principal explicação para o fato de todas as grandes empresas estarem investindo pesado em pesquisas para saber o que quer e o que consome essa faixa da população que será dominante nos próximos 20 anos.


— É o grande ativo e legado do governo Lula, desde que o governo e a sociedade conseguiram ter moeda. Mas temos que evitar que a nova classe média retorne à situação anterior e que sejam criadas condições para que se consolide — disse o ministro da SAE, Wellington Moreira Franco.
Acesso bancário ainda é um problema
A partir de setembro, a SAE passará a divulgar um conjunto de documentos, “Vozes da classe média”, com um perfil dessa camada da população a partir de pesquisas quantitativas e qualitativas inéditas, que serão feitas a partir do acompanhamento dos mesmos 15 grupos focais a cada seis meses. A ideia é entender as necessidades dessas pessoas para que não só se mantenham onde estão, como continuem ascendendo.
Para o secretário de Ações Estratégicas da SAE, Ricardo Paes de Barros, o desafio para a nova virada do Brasil, depois da estabilidade da moeda em 1995 e do boom dos rendimentos que levaram à ascensão de mais de 40 milhões de pessoas à classe média, é a educação. E a qualidade é fundamental para esse avanço, segundo ele:
— Hoje, um jovem brasileiro recebe a mesma educação que tinha um chileno na década de 50.
Inclusão e educação financeira também estão na lista dos temas estudados pelo governo neste momento para assegurar à nova classe média a manutenção do seu novo status social e econômico. Segundo a SAE, 50% do consumo da classe média hoje são financiados, e a maior parte destes recursos está fora do banco. Os financiamentos são tomados no mercado varejista.
Essas pessoas usam pouco outros serviços financeiros, e levá-las ao sistema bancário é considerado também um dos segredos para o Brasil passar a ter a sua poupança. De acordo com especialistas, ainda são raros os casos de brasileiros de classe média que tenham o hábito de poupar. Dados do BC mostram que, de 2007 a 2010, mais pessoas de todas as classes passaram a ter um acesso mais amplo ao sistema financeiro. No entanto, ele ainda é um luxo das classes A e B. Nesta categoria, 70% das pessoas têm conta corrente, contra 52% da classe C e apenas 29% da DE.
— Poupança é fundamental. E eu espero estar melhor e ganhar muito dinheiro nos próximos 20 anos por juntar recursos. Mas é preciso saber aplicar esse dinheiro. Por isso, estou diversificando os meus investimentos, aplicando na Bolsa, por exemplo — disse o ilusionista Guilherme Ávila, de 22 anos, filho de uma família de classe média em Brasília, que acabou de ser formar em Economia.
Os outros meios de pagamento (cartões de crédito e débito, cheque, débito automático e vale-refeição) são usados por 23% da população em geral, mas têm a preferência de 45% das classes A/B.
Vanessa Petrelli Corrêa, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que os bancos públicos tiveram papel relevante no crescimento com o avanço da classe média. Ela acredita que poucos economistas mediram com exatidão essa contribuição. E, para ela, esse fenômeno ainda continuará:
— O Brasil deve viver um longo período de juros historicamente baixos. O impacto desse novo patamar ainda está sendo conhecido, mas certamente pode ser um dos pilares para o crescimento com inclusão social — disse.

Mais opiniões sobre o Brasil que queremos

“Eu espero que o Brasil desenvolva ascondições sociais e econômicas necessárias para que todos os brasileiros realizem seus sonhos”
Michael klein, Presidente do conselho de administração da Viavarejo

“A infraestrutura no Brasil é ineficiente e imunda. O transporte de cargas é feito em caminhões a diesel. Isso é uma oportunidade, que é muito maior do que os custos. mas Não há planejamento de longo prazo
Sergio Besserman, Economista

Espero um país com a economia mais sustentável, uma população com renda mais bem distribuída e uma infraestrutura capaz de suportar a demanda que o país tem potencial de desenvolver”
Otávio azevedo, Presidente da Andrade Gutierrez

Não basta seguirmos a Coreia do Sul, onde 98% das famílias têm banda larga, mas não democracia participativa. Precisamos da tecnologia para fazer a e-topia, transformar as vidas das pessoas”
Rodrigo Baggio, Presidente do Comitê para Democratização da Informática (CDI

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