terça-feira, 31 de julho de 2012

Lixo com destino certo

Fonte: Correio Braziliense

Lixo com destino certo



Marianna Rios
Marianna Rios

Vinícius Nascimento(E) virou parceiro de uma cooperativa do Riacho Fundo II: o estudante recolhe com amigos pilhas e eletrônicos velhos

Preocupação com os resíduos eletrônicos ganha mais apoio da população e do governo. Distrito Federal reciclou, em nove meses, cerca de cinco toneladas desse material

O que fazer com aquela CPU velha, aquele emaranhado de cabos que não servem mais para nada ou com o celular ultrapassado? O estudante Vinícius Augusto Nascimento, de 16 anos, dá a resposta na rapidez de um processador potente: doar para a reciclagem. “Na minha casa, guardamos o que vai aparecendo de lixo eletrônico. Também peço às pessoas para me entregarem os equipamentos que vão jogar fora”, explica o adolescente.

Há um ano, Vinícius virou parceiro da cooperativa 100 Dimensão. Toda vez que enche latas de tinta com pilhas e tem algum equipamento antigo, o morador de Águas Claras vai até o Riacho Fundo II, onde faz doações de eletroeletrônicos para serem reaproveitados e descartados corretamente. “Cresci numa escola que dava muita atenção para o consumo consciente. Acompanhei a situação desse tipo de lixo e isso foi me incomodando até eu começar a pensar em uma solução”, conta.
O empresário Giovanni Coelho da Silva, 50 anos, também entrou de cabeça na reciclagem. A cada dois meses, doa computadores e impressoras defasados da firma de informática para a companhia Dioxil, especializada em reciclagem de lixo eletrônico. “Depois de um ano, já consideramos o equipamento obsoleto e demos um destino ambientalmente correto, em vez de jogarmos fora ou até mesmo tentar qualquer ação comercial”, afirma o empresário, que se diz preocupado em depois saber que fim tiveram os produtos doados.

No DF, segundo o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), foram recicladas de 5 a 6 toneladas de lixo eletrônico desde outubro do ano passado, quando os 13 núcleos de limpeza da cidade passaram a receber o resíduo. E a situação começa a ficar mais verde: seis novos pontos de coleta serão inaugurados, ainda sem previsão de data, em Águas Claras, no Riacho Fundo I, no Núcleo Bandeirante, na Cidade Estrutural, no Cruzeiro e no Guará. Eles aceitam todo tipo de lixo eletrônico (pilhas, baterias, celulares e computadores) e o material é enviado para duas empresas especializadas.

A atitude de Vinícius e Giovanni, até então considerada voluntária, está próxima de se tornar uma obrigação para todos. Empresas, governo e sociedade têm menos de dois anos para aprender a logística reversa e praticá-la. Com o prazo perto do fim, as ações nacionais e as locais que englobam os produtos eletroeletrônicos — compostos de materiais pesados, como chumbo, mercúrio e cádmio — começam a surgir. Desde 2011, um grupo temático do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior estuda o resíduo para definir o papel dos fabricantes, comerciantes, importadores e distribuidores na hora de recolher e devolver o material às empresas. Ao término do projeto, será publicado um edital de chamamento e, no futuro, o governo pretende atrair investimentos para o setor.

Encontro
“O governo também quer fazer um polo de informática no DF, que estaria ligado à reciclagem do lixo eletrônico”, adianta Edmundo Gadelha, chefe da assessoria de planejamento e projetos especiais do SLU. E, segundo o assessor especial da Secretaria de Meio Ambiente (Semarh), Paulo Celso dos Reis, o plano de gestão de resíduos do DF — que existe desde 2005 — será revisado a partir deste segundo semestre e incluirá o lixo eletrônico nas políticas públicas. “No atual, não tem nada sobre esse assunto. Já no ano que vem, haverá participação pública por meio de audiências”, revela Paulo Celso.

A companhia de reciclagem Dioxil realiza um estudo para que consiga processar 94% do lixo eletrônico no DF, gerar emprego e renda e deixar de depender de outros estados com tecnologia de reciclagem mais avançada, como São Paulo. “Agora, todos temos 100% de responsabilidade com os nossos resíduos tecnológicos, desde a reciclagem até garantir a correta destinação deles”, ensina Cristiane Alencar, sócia da empresa.

Além disso, mais um ecoponto foi inaugurado no último sábado na entrequadra 207/208 Norte, conhecida como Quadra da Informática. O lançamento fez parte do 1º Encontro de Tecnologia da Informação da Quadra da Informática e recebeu 286kg de resíduos eletrônicos. A cada 15 dias, o material será coletado para a reciclagem. A analista do Sebrae-DF Cristina Sá observa o aumento da conscientização no empresariado, mas critica a falta de incentivo do governo. “As empresas que geram resíduo eletrônico têm de contratar uma companhia de reciclagem e é aí que deveria existir mais apoio para que a iniciativa não onere muito os custos das empresas”, destaca.

Faça sua parte

Publicação: 31/07/2012 04:00
SLU
www.slu.df.gov.br
Dispõe 13 pontos de coleta na cidade

Quadra da Informática
Um ecoponto foi inaugurado na entrequadra 207/208 Norte

Philips
Tem dois pontos de coleta no DF: um em Taguatinga (3354-9615, 3354-9616 ou sunsony@uol.com.br) e outro na Asa Sul (3445-1991, 3245-1734 ou eletronica@asakazu.com.br)

Dioxil
www.dioxil.com.br
Buscam eletroeletrônicos em casa. Telefone: 9614-6101

Cooperativa 100 Dimensão
Buscam eletroeletrônicos em casa. Telefones: 8516-4530 e 8449-5310 (Sônia ou Valter)
Endereço: QN 16, conj. 5, lote 2, galpão – Área Especial – Riacho Fundo II

Eco-Tec
www.ecotec.webnode.com
Buscam eletroeletrônicos em casa, às sextas-feiras. Telefones: 8412-4634 e 3347-5873 (Thiago)

Comitê para Democratização da Informática
www.cdidf.blogspot.com
Recebem doações de materiais de informática em bom estado de conservação. Telefone: 3322-7233.
Endereço: SDS Edifício Venâncio VI, loja 9, bloco O, Conic

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