Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios
Negócios sociais ganham prêmio no Rio de Janeiro
Três empresas que lucram com impacto socioambiental venceram concurso realizado pela ONG CDI com Sebrae e Coca-Cola
Por Bruna Martins Fontes
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Thiago Feijão, da QMágico
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Três negócios sociais foram premiados ao final da quinta edição
do Fórum Internacional de Empreendimentos Sociais, encerrado ontem
(18/10) no Rio de Janeiro. Durante o jantar de gala de evento, eles
foram anunciados como os vencedores do primeiro Prêmio Negócios
Sociais.com, realizado pela ONG CDI em parceria com o Sebrae e a
Coca-Cola.
Dentre os cem inscritos no concurso,
14 chegaram à final e três foram premiados: a startup de educação
QMágico, o banco de microcrédito Acreditar e a Solar Ear, que fabrica
aparelhos auditivos de baixo custo.
“Não houve
diferenciação de primeiro, segundo e terceiro lugares porque o objetivo
do prêmio é mostrar exemplos de que é possível empreender num modelo
híbrido que contemple o impacto social e a geração de lucros”, afirma
Rodrigo Baggio, presidente da CDI e idealizador da iniciativa.
Para ele, o prêmio é apenas o passo inicial para promover a
cultura dos negócios sociais no Brasil e criar um ecossistema em que
esses empresários possam trocar ideias. Os 14 finalistas de diferentes
áreas, como educação, tecnologia, habitação e geração de renda estão
reunidos na página do projeto Negócios Sociais.Com.
Conheça, abaixo, os três negócios sociais que foram premiados:
QMágico
A startup de educação idealizada por Thiago Feijão, 23 anos,
quer ajudar a melhorar o rendimento de estudantes – em casa ou na
escola. No ano passado, a empresa desenvolveu um software que, de
maneira lúdica, como um jogo, permite que cada aluno de uma classe
avance no conteúdo escolar em seu ritmo.
Na outra ponta, o
professor recebe um relatório online mostrando a progressão e as
dificuldades de cada um. A ferramenta é vendida para escolas e permite
customizar o conteúdo didático.
O impacto social
da empresa fica por conta de seu site, onde esse conteúdo educacional é
disponibilizado gratuitamente aos estudantes. “Dez mil alunos estão
usando o QMágico, mas queremos atingir um milhão de jovens em dois
anos”, afirma Feijão.
Na plataforma aberta, os
mesmos relatórios de desempenho são gerados, e ficam à disposição de
secretarias municipais e estaduais de ensino para inspirar políticas
públicas de aprimoramento da educação – o que já foi feito em uma
parceria com o governo de Goiás.
Acreditar
Em 2001, um grupo de jovens de Glória do Goitá, no interior de
Pernambuco, procurava uma maneira de reduzir a migração de seus
habitantes para outras cidades em busca de emprego. Eles se mobilizaram,
criaram um grupo de 120 pessoas, fizeram parcerias e captaram R$ 18 mil
para abrir um banco de microcrédito.
A partir
daí, passaram a fazer pequenos empréstimos para que moradores da
comunidade iniciassem atividades empreendedoras – desde fazer artesanato
até abrir uma escola. Em 2005, o banco Acreditar foi formalmente
constituído, com R$ 60 mil em carteira para fomentar o empreendedorismo
local. A taxa de juros para empréstimos varia de 3% a 3,5%, e todo o
lucro gerado é reinvestido na missão social do negócio: fomentar a
geração de renda para o desenvolvimento local e dar educação financeira
aos microempreendedores.
A empresa social já
beneficiou mais de 7.000 pessoas. “Queremos chegar a duas novas cidades
no ano que vem. Em cinco anos, planejamos ter uma carteira de R$ 3
milhões e atender mais 10 mil pessoas”, afirma Lilian do Prado Silva, 28
anos, uma das fundadoras do Acreditar.
Solar Ear
O empreendedor Howard Weinstein, 62 anos, criou em 2001 um
aparelho auditivo econômico: custa menos de US$ 60 e funciona com uma
bateria que é recarregada com a luz solar. “Escolas para surdos e
deficientes auditivos são raras. Com um aparelho barato de manter,
crianças de baixa podem estudar em qualquer lugar”, explica Weinstein.
“Só a educação pode quebrar seu ciclo de pobreza.”
Seu modelo de negócio também é inclusivo. A Solar Ear emprega pessoas
surdas para criar e produzir o acessório. “Quem não escuta tem melhor
coordenação da mão com os olhos, uma habilidade essencial para soldar
microcomponentes do aparelho. E são eles que nos mostram como melhorar o
produto”, diz o empreendedor.
A empresa já
vendeu 50 mil aparelhos e 250 mil baterias no Brasil, em Botswana e na
China. O lucro é aplicado no negócio, em programas de capacitação para o
trabalho, terapia para distúrbios de comunicação e missões sociais –
como a de combate à Aids na África. Os próximos passos são chegar a
Índia e Israel e tirar do papel o projeto de vender um novo modelo de
aparelho por R$ 50.